Nos Estados Unidos, uma onda de frio vinda do Ártico derrubou as temperaturas para -45°C. Já no Brasil, o Rio de Janeiro viveu, nesta quarta-feira (17), calor de 42°C — e sensação térmica de quase 60°C. Cada vez mais, as mudanças climáticas mostram que vieram e apresentam as consequências, abrindo a “era dos extremos” no mundo.
Em Santa Catarina não foi diferente. O El Niño, que influencia o clima, trouxe chuvas intensas para o Estado em outubro do ano passado, causando sete mortes. Em janeiro, Joinville registrou sensação térmica de 50°C. E no Rio Grande do Sul, entre esta terça (16) e quarta-feira (17), uma pessoa morreu e pelo menos 10 ficaram feridas devido aos temporais.
Segundo a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA) dos Estados Unidos, a região de Santa Catarina ficou, em 2023, 1°C a 1,5°C mais quente que o normal. Áreas no extremo norte do continente americano ficaram até 2°C mais quentes.
— Independente das pessoas acreditarem ou não em mudanças climáticas, isso é fato. Estamos vivenciando temperaturas elevadas, e temperaturas muito abaixo da média, incêndios florestais, precipitações que caem num dia o que é para cair às vezes em um mês, ondas de frio, ondas de scalor, enfim. Está acontecendo — afirma a meteorologista Andrea Ramos, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).
E a concentração de gases de efeito estufa segue em alta. Segundo a Organização Meteorológica Mundial (OMM), as concentrações médias globais de dióxido de carbono (CO2) estiveram 50% acima da era pré-industrial pela primeira vez em 2022, atingindo 418 partes por milhão. Em 2023, um novo relatório revelou que estes níveis continuaram em alta em 2023.
O secretário-geral da OMM, Petteri Taalas, afirmou que os atuais níveis recordes de gases que retêm calor levarão a uma nova alta da temperatura global. Conforme a OMM, estamos a caminho de um aumento das temperaturas bem acima das metas do Acordo de Paris até o final deste século. Como consequência, Taalas reforma os extremos do clima: calor e chuvas intensos, derretimento do gelo, elevação do nível do mar e acidificação dos oceanos.
E em Santa Catarina?
Conforme o cenário elaborado pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), as projeções mais pessimistas apontam que entre 2041 e 2060, a temperatura da superfície em Santa Catarina deve ficar entre 2ºC e 3ºC mais alta em relação ao período pré-industrial. Apesar de parecer pouco, esse valor é muito significativo.
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